quinta-feira, junho 14, 2007

Associação livre, mas não a do Freud.

Eu acho que é impressionante o quanto as pessoas se julgam o centro do universo. Tudo bem, o ser humano tenta realizar associações com tudo, é assim que nosso cérebro funciona, alias tem uma história legal sobre isso, vou contá-la para introduzir:

Um cara está andando num campo quando passa por ele um caçador com uma espingarda na mão, o cumprimenta e segue seu caminho.

Desfecho 1: Um pouco depois do caçador passar, o cara escuta um tiro, quando olha para cima vê um pato caindo do céu rapidamente.

O que aconteceu ?

Desfecho 2: Um pouco depois do caçador passar, o cara escuta um tiro e nada, 10 minutos depois ele continua andando e vê um pato caindo do céu.

O que aconteceu ?

No primeiro desfecho é natural termos a tendência a associar os fatos: passou um caçador, ouvi um tiro, vi um pato caindo, pronto, o caçador alvejou o pato! Entretanto no segundo desfecho não criamos essa associação só porque passou um tempo entre o tiro e ver um pato caindo.

O fato é que é inerente ao ser humano criar associações, alias, a capacidade de criar associações é uma das características que definem nossa inteligência e racionalidade, entretanto, pode acontecer deste dom acabar nos prejudicando em alguns momentos.


Estou me referindo aos casos extremos em que tentamos atribuir a nós mesmos a responsabilidade pelo sentimento ou comportamento dos outros. Acredito que essas associações disparam em nós uma CULPA ou PREPOTÊNCIA, ou seja, pelo bem, pelo mal passamos a achar que somos o centro do universo, totalmente responsáveis pelas pessoas a nossa volta.

Isto se da no momento em que somos informados da condição dos outros, se ficamos sabendo que um amigo anda meio triste, tentemos a pensar se não somos responsáveis por aquilo.

O caso de culpa é mais obvio e recorrente, quantas vezes nos pegamos pensando se não temos culpa por alguém estar triste ou magoado(?), é muito natural sentir isso, fazer essa verificação e há um problema ai, nosso celebro é tão habilidoso em criar as tais associações que muitas vezes de fato encontramos a tal associação que teoricamente seria o motivo da outra pessoas estar triste, e isso não necessariamente é verdade.

No outro extremo podemos atribuir a nós a responsabilidade pelo comportamento dos outros, como se fossemos a única pessoa deste mundo, capaz de influenciar o comportamento ou os sentimentos dos outros. O nome disso é prepotência é acontece a todo momento: “Ele terminou comigo porque eu sou muito ciumenta!” – Não, não e não, pode ser que ele terminou com vc simplesmente porque não estava mais a fim de namorar, não necessariamente isso tem a ver com vc.

A conclusão é simples, temos que ir devagar com nossos pensamentos e não deixar a livre associação criar paradigmas completamente enfadonhos em nossas mentes, as vezes o obvio é a mais pura verdade.


* A imagem é da famosa escultura "O Pensador", de Auguste Rodin, criada em 1902 na França.